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Entrevistas

“Temos a meta de iniciarmos nossas operações no primeiro semestre do ano”, diz CEO da N5X

Nova bolsa de energia N5X se prepara para iniciar operações no Brasil, afirma CEO, Dri Barbosa

A N5X foi anunciada no Brasil em outubro de 2023. Desde então começou a atuar junto aos agentes para buscar o desenvolvimento do mercado de energia local. Experiência sobra, tem na base de acionistas o Grupo EEX, que já atua nesse campo em mercados maduros e que já passaram pela liberalização que o país começa a trilhar desde janeiro.

Hoje trazemos uma entrevista com a CEO da companhia, Dri Barbosa que aponta os caminhos e objetivos da empresa que iniciará suas operações ainda neste semestre. Ela detalha os primeiros passos da Nova Bolsa de Energia no Brasil, produtos, o que está por vir e dá um spoiler de quando poderemos chegar à tão esperada clearing house, colocando o Brasil no hall dos grandes mercados globais.

CEO da N5X, Dri Barbosa

1- Quem é a N5X, empresa que chega em um momento único com a abertura do mercado livre para toda a alta tensão?

Dri Barbosa: A N5X representa a nova face da bolsa de energia brasileira, unindo a expertise local em infraestrutura do mercado financeiro com a vasta experiência do Grupo EEX no desenvolvimento bem-sucedido de mercados internacionais de energia. Estabelecida como uma Joint Venture entre a brasileira L4 Venture Builder e a Nodal Brazil, sediada nos EUA, a N5X se compromete em transformar e impulsionar o mercado de energia.

Nossa plataforma é resultado da colaboração com os acionistas e do entendimento das demandas do setor, visando aumentar a liquidez no mercado de energia do Brasil, seguindo padrões internacionais de excelência e transparência.

2- A N5X é uma empresa em fase pré-operacional, qual é a perspectiva de início das atividades e quais produtos serão colocados ao mercado no médio prazo? 

Dri Barbosa: A N5X está avançando em suas operações, com o início do cadastramento de empresas em sua plataforma e abertura do sandbox da API post-trading. Com uma perspectiva de iniciar as atividades no primeiro semestre do ano, a empresa planeja introduzir uma série de produtos ao mercado no médio prazo.

Inicialmente, a N5X pretende atuar em fases, buscando capturar a dinâmica predominante do mercado de trading de energia: negociações bilaterais. Isso será feito permitindo o registro eletrônico e o uso do contrato padrão da N5X para negociações de compra e venda de energia com entrega física. Esse modelo de contrato foi elaborado com a participação ativa do mercado, incorporando as melhores práticas do setor para agilizar o fechamento de negócios.

Além disso, a empresa planeja oferecer novas interfaces de negociação do mercado físico, que atualmente não estão disponíveis através de plataformas. Uma dessas interfaces é a RFQ ("Request for Quotation"), um processo que atualmente é realizado manualmente por grandes geradoras e consumidores. A automatização desse processo, juntamente com a introdução de regras de compliance, visa tornar as transações mais eficientes e transparentes.

Num estágio posterior, a N5X planeja introduzir derivativos, instrumentos financeiros que permitem aos participantes do mercado fazer hedge de suas posições sem a necessidade de entrega física da energia, além de trazer ao mercado de trading de energia a contraparte central. Durante as conversas com o mercado, a empresa observou um forte interesse por parte de players globais em ter acesso ao mercado de trading de energia brasileiro.

3-Desde seu anúncio, a N5X tem convidado agentes do setor elétrico a  co-criar soluções para o mercado livre de energia. Como tem sido a resposta a esse convite? 

Dri Barbosa: Embora a N5X inicie suas operações neste ano, desde que foi lançada, em outubro de 2023, começou a interagir com os participantes do mercado para desenvolver soluções aos desafios no ecossistema do setor. Com base na ampla experiência do Grupo EEX na construção de novos mercados de energia ao redor do mundo, estamos trabalhando para introduzir maior precisão de preços, tecnologia de plataforma de negociação e serviços de gestão de riscos. 

Ao criar uma comunidade de negociação inclusiva, com participantes domésticos e internacionais, a empresa busca aumentar a liquidez no mercado e apoiar a jornada regulatória de liberalização do mercado.

Recentemente, realizamos o N5X Summit, um evento de um dia que contou com a presença de mais de 200 pessoas, incluindo mais de 100 participantes globais e locais. Foram mais de 10 horas de conteúdo e networking, onde os participantes puderam conhecer o desenho de mercado de trading de energia na Europa e EUA, além dos desafios e oportunidades do mercado brasileiro. 

Esse evento foi o marco oficial do início da comunidade de trading de energia facilitada pela N5X. Mas a nossa história de comunidade vem desde o primeiro comitê de produto realizado em Novembro de 2023 para co-criarem a boleta N5X e o modelo de contrato padrão da boleta. Já foram mais de 4 interações no comitê com mais de 10 empresas participantes do mercado.

A resposta tem sido positiva, com um forte interesse por parte dos agentes do setor em contribuir para o desenvolvimento do mercado de energia no Brasil.

4- A expansão no novo ACL está acelerada. Segundo a CCEE em janeiro houve o incremento de 5,8% no volume de novos consumidores e acredita-se que as migrações fiquem entre 20 a 25 mil consumidores livres este ano. O que isso pode representar em termos de oportunidades? 

Dri Barbosa: São números importantes, mas temos que lembrar que esse é apenas um dos passos na jornada. O ranking internacional de liberdade da Abraceel de 2023 aponta que o Brasil ocupava apenas o 47º lugar até o final do ano passado. Há 35 países com todos os consumidores livres, independentemente do consumo. No 36º lugar estão os Estados Unidos. Contudo, estamos recuperando terreno. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, citou recentemente que em 2030 já poderemos ter a abertura para os mais de 90 milhões de consumidores poderem escolher de quem comprar sua energia. 

Em geral, podemos observar que o ganho, na maioria dos países que abriram seus mercados, foi avançar em competitividade, previsibilidade e economia de preços, principalmente. Por aqui já vivemos apenas parte desses benefícios.

Considero que chegamos em um contexto de expansão consolidada do ACL. Para se ter um mercado maduro e seguro para os consumidores finais, se faz necessário ter um mercado de atacado maduro e com padrões internacionais. Estamos aqui para facilitar a evolução do mercado de atacado por meio de produtos que, como disse anteriormente, serão o resultado da interação com os agentes que nele atuam.

5- A N5X se apresenta como a Nova Bolsa de Energia do Brasil. Ter uma contraparte central é uma discussão antiga. Com base na experiência do Grupo EEX, quando o país poderá chegar à clearing house? 

Dri Barbosa: Em primeiro lugar é necessário entender que atualmente o mercado de trading de energia é físico. Hoje, 71% das negociações e formalizações de energia com entrega física acontecem bilateralmente. Um outro dado mostra que em 27,55% dos casos, a negociação acontece bilateralmente e a formalização é feita via plataforma num contrato padrão.

É um mercado de oportunidades, mas esse caminho é de longo prazo. Nossa meta é trazer o mercado financeiro para o setor, seguindo a evolução que aconteceu em países que passaram por um processo de liberalização. Além da primeira fase que já detalhamos e dos próximos passos, temos que pensar que essa é uma jornada em ondas, precisamos avançar fase a fase e estruturar de forma organizada para que esse objetivo da clearing se torne uma realidade.  

A partir da experiência de nossos acionistas, sabemos que temos bastante trabalho para chegar a esse desenho, desenvolver as capacidades internas, desenhar junto com o ecossistema local e ter as aprovações dos reguladores. Nossa expectativa é de que seja um projeto de, pelo menos, dois a três anos.

6- Para terminar, conte mais sobre a Dri Barbosa, CEO da N5X. 

Dri Barbosa: Eu me autodefino como uma empreendedora serial. Entre os empreendimentos que fundei e liderei estão a Vaipe, uma HRTech adquirida pela Mereo em 2022, e a Payleven, FinTech adquirida pela SumUp em 2016. Atuei como executiva nos setores de educação e comércio eletrônico. No meu histórico profissional estruturei e desenvolvi equipes de alto desempenho através de gestão ágil para desenvolver produtos digitais, impulsionar a geração de receita e melhorar a eficiência operacional. 

Sou formada em administração pela FGV. Sou investidora anjo, mentora e conselheira de empresas de alto crescimento. 

Meu estilo de empreendedorismo foca em uma liderança assertiva, inovadora e baseada em dados. Eu acredito que a determinação, a disciplina, a paixão e a coragem para tirar ideias do papel são capazes de transformar o dia a dia e impactar a sociedade de forma positiva.

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