A segunda edição do N5X Summit 2025 representou um marco para as discussões sobre o futuro do trading de energia no Brasil. O encontro reuniu mais de 200 profissionais dos setores energético e financeiro, representando mais de 110 instituições nacionais e internacionais como ANEEL, B3, Banco Central, BNP Paribas, Bradesco, CCEE, CVM, Danske, Eletrobras, Santander, Shell e Statkraft.
Reunimos uma comunidade de líderes e especialistas, que durante mais de 5 horas de discussões, exploraram como a chegada de uma contraparte central ao mercado de trading tem potencial para destravar o setor e aumentar segurança e liquidez das operações de energia no país.
Um dos painéis centrais do evento 2025 teve o tema "Os desafios atuais do mercado bilateral de trading de energia". O debate aprofundou as causas da instabilidade do setor, as consequências diretas para a gestão de risco e os desafios estruturais e culturais para a evolução do mercado.
Para este debate, reunimos um time de especialistas no tema: Ítalo Freitas (VP de Comercialização da Eletrobras), Natasha Gaertner (VP de Comercialização da Statkraft) e Sérgio Azevedo (Managing Director da Hydro), com a mediação de Michel Maranzana.
▶️ Assista abaixo ao vídeo completo deste encontro, disponível assim como os demais painéis do N5X Summit 2025, em nosso canal do YouTube:
Os tópicos discutidos durante o painel
Durante o encontro, os painelistas convidados exploraram as causas e fragilidades do mercado bilateral de trading, discutiram soluções estruturais e tecnológicas necessárias, além de refletirem sobre barreiras e caminhos para construção de um setor mais profissional e seguro.
Aqui, você pode navegar em texto pelos principais tópicos do debate:
- Parte 1 - Como grandes players se adaptam aos riscos e à crescente importância do trading no mercado bilateral: eventos de default, o encurtamento de contratos e a consequente volatilidade de preços tornaram o trading de energia em um pilar estratégico para o setor. Saiba como empresas passaram a utilizar a comercialização para gerar inteligência em decisões de longo prazo, garantir previsibilidade de custos e criar maior liquidez.
- Parte 2 - Os desafios e fragilidades existentes no setor: o risco bilateral cria travas sistêmicas que desviam empresas de sua finalidade e afastam o capital estrangeiro. Confira como especialistas enxergam este cenário não apenas como um desafio operacional, mas como um potencial risco que demanda mudanças na atual estrutura de mercado.
- Parte 3 - O potencial transformador de uma contraparte central (clearing house): a clearing é uma das principais propostas para destravar o mercado livre de energia, proporcionando para suas negociações maior segurança, governança e liquidez. Descubra como essa estrutura oferece uma ferramenta para a mitigação de riscos, constrói um ambiente repleto de oportunidades e estabelece conformidade com padrões internacionais.
- Parte 4 - Superando barreiras estruturais e culturais para modernizar o setor: a complexidade regulatória e a resistência cultural são desafios para o crescimento. Veja como a modernização do setor exige não apenas paciência para navegar em um ambiente tão desafiador, mas, principalmente, uma disposição coletiva para a construção de um setor mais seguro e transparente para todos.
Iniciamos pelo primeiro tópico abordado no painel, contextualizando como a instabilidade do setor elevou o trading de energia e a gestão de portfólio a uma posição estratégica, detalhando também como os grandes players estão enfrentando este novo cenário do mercado brasileiro.
Parte 1 - Como grandes players se adaptam aos riscos e à crescente importância do trading no mercado bilateral
A crescente importância do trading para o mercado brasileiro de energia é um movimento que se consolida há anos, tendo como sua causa principal a instabilidade estrutural do setor.
O ambiente de negócios no Brasil é marcado por frequentes eventos de default, abertura acelerada do mercado livre, complexidade regulatória e suas consequências, como o curtailment, além da alta volatilidade de preços. Isso tudo tornou práticas tradicionais, como a negociação de contratos de longo prazo, em atividades de alto risco para seus participantes.
Como resultado, o mercado migra gradualmente para a negociações com prazos mais curtos e preços dinâmicos. Essa mudança intensificou ainda mais a instabilidade do cenário, elevando a gestão de portfólio e a comercialização de energia até uma função central para a estratégia de crescimento dos players do setor.
Dessa forma, empresas foram impulsionadas a desenvolver novas abordagens, agora utilizando o trading não apenas para negociação de energia, mas como uma ferramenta indispensável para geração de real valor para o negócio, em funções como, por exemplo, a realização de hedging, a gestão de ativos de geração e a avaliação de novos investimentos.
As diferentes funções do trading de energia para empresas geradoras e consumidoras
No contexto de um mercado instável, o trading de energia pode assumir diferentes funções estratégicas, a depender do perfil e dos objetivos de cada empresa. Para uma geradora, por exemplo, a comercialização tornou-se uma ferramenta para prospecção e inteligência, enquanto para um grande consumidor, ela atua como um mecanismo para proteção e maior previsibilidade de custos.
Veja como se dá a construção das estratégias de trading de energia nestes diferentes papéis:
Geradoras: trading como ferramenta para inteligência de mercado
Para empresas geradoras ou comercializadoras, a atuação no trading vai muito além da busca por resultados financeiros no curto prazo. A função estratégica, neste caso, é a de utilizar o mercado como uma poderosa ferramenta de inteligência.
Ao participar ativamente das negociações, é possível coletar dados e insights valiosos sobre liquidez, comportamento dos preços e tendências de mercado.
Esse tipo de inteligência é fundamental para decisões de longo prazo da companhia, como, por exemplo, a avaliação de risco e retorno para o investimento em novos ativos de geração, tornando a área de trading em um setor estratégico para o crescimento do negócio.
Confira abaixo a explicação de Natasha Gaertner, VP de Comercialização da Statkraft, sobre como a comercialização de energia atua como uma ferramenta de inteligência para as decisões de longo prazo em sua companhia:
“Quando a gente fala da importância do trading para a Statkraft, para além do fundamento, a gente precisa estar no mercado todos os dias para entender como que o mercado está, qual é o comportamento de mercado, qual é a liquidez, qual é o preço transacionado. E a gente utiliza isso não só para tomada de decisão do business em si do trade, mas também para tomadas de decisão para o negócio como um todo da Statkraft.” - Natasha Gaertner (VP de Comercialização da Statkraft)
Consumidoras: a busca por previsibilidade nos custos de produção
Na visão de uma empresa consumidora, a energia não é o produto final, mas sim um dos principais insumos em sua cadeia produtiva. Dessa forma, saber gerir a alta volatilidade dos preços é essencial para a saúde financeira e a previsibilidade de custos de todo o negócio.
Portanto, a principal função estratégica do trading para grandes consumidoras está na busca por previsibilidade. Ao atuar no mercado para entender tendências, a companhia consegue se proteger da variação de preços e garantir maior estabilidade para seu planejamento.
Além disso, a participação ativa destes grandes players ajuda a fomentar a liquidez, permitindo negociar maiores volumes sem causar os picos de preço que ocorriam no passado, que prejudicavam suas próprias operações.
Na palavra de Sérgio Azevedo, Managing Director da Hydro, a comercialização de energia atua como uma ferramenta de previsibilidade financeira e gestão de liquidez para grandes consumidores:
“Grande parte da construção e do propósito de operar energia no Brasil é entender para onde vai esse preço. Ter o mínimo de previsibilidade na construção desse business plan, da sustentabilidade dessa commodity. […] A comercializadora estar ativamente todos os dias operando produtos tanto de curto, de médio, de longo prazo, ajudam a dar essa previsibilidade.” - Sérgio Azevedo (Managing Director da Hydro)
As estratégias apresentadas mostram que o trading de energia evoluiu para uma ferramenta central de gestão e inteligência no mercado brasileiro. Porém, estas adaptações, por mais sofisticadas, são respostas a um problema que é velho conhecido do setor: o modelo bilateral de negociações, seus riscos e desafios estruturais.
Parte 2 - Os desafios e fragilidades existentes no setor
As estratégias de negócio apresentadas pelos grandes players do setor mostram como, hoje, o mercado reage a um ambiente de negociações e com alta instabilidade.
Contudo, por que essas adaptações são necessárias? A resposta, segundo os participantes do painel, está nas fragilidades sistêmicas do modelo bilateral, que criam cenários de imprevisibilidade e diferentes tipos de riscos para o mercado livre de energia.
O debate trouxe um alerta sobre o futuro: os riscos envolvidos na abertura acelerada do mercado livre de energia. A preocupação central é que a entrada de um grande número de novos participantes, entre players internacionais ou mesmo empresas de pequeno e médio porte, em um modelo sem uma contraparte central, pode amplificar questões já existentes no setor.
Ítalo Freitas, VP de Comercialização da Eletrobras, destaca que existem relações indissociáveis entre o mercado atacadista e o varejista. No modelo bilateral, um evento de crédito em um ambiente com empresas de menor porte (varejo) tem potencial de gerar um "efeito cascata", contaminando todo o sistema de forma rápida e com consequências para todo o mercado:
Com essa abertura de mercado, indo para o lado mais varejo da questão, você vai ter mais riscos relacionados a terceiros. [...] Provavelmente vai haver um movimento no mercado, onde um trader, ele vai se expor à N5X, e se expor ao varejo. E essa conexão tem que estar muito bem garantida. Senão, [...] você vai ter outras entidades que vão estar expostas a essa situação. E aí você pode ter um efeito cascata.” - Ítalo Freitas (VP de Comercialização da Eletrobras)
Desvio de finalidade: quando a análise de risco se torna mais importante que a atividade de comercialização
Outra fragilidade do modelo é o desvio sobre a finalidade operacional das empresas, gerando custos adicionais e maior ineficiência.
Esse "desvio de foco" consome tempo e recursos que deveriam ser alocados naquilo que realmente gera valor para o negócio: a análise da commodity, o desenvolvimento de novos produtos e a busca por melhores estratégias de trading. A consequência é que a gestão do risco de contraparte acaba se tornando mais prioritária do que a própria atividade de comercialização.
Durante o painel, Sérgio Azevedo argumenta que o sistema atual força as comercializadoras a dedicarem um esforço desproporcional a uma atividade fora de seu core business, a análise de risco de crédito:
“Se somos uma comercializadora e a gente quer se especializar em entender de uma commodity e, de repente, eu estou tendo que ser um grande especialista em crédito, tem alguma coisa errada. Não é assim. E isso foge totalmente das práticas.” - Sérgio Azevedo (Managing Director da Hydro)
Default bilateral: risco "inexplicável" para o capital estrangeiro
Outra fragilidade destacada durante o debate é a barreira criada para entrada de capital estrangeiro. Para players internacionais, acostumados a negociar em mercados maduros e que já possuem contraparte central, riscos como o de um default bilateral são vistos como um evento difícil de ser justificado.
A situação é agravada pela extrema volatilidade de preços do mercado brasileiro — que pode chegar de 75% a 100% ao ano — mais do que o dobro de outras commodities globais. Esta combinação, de um risco de crédito incomum com uma volatilidade desproporcional, atua como uma trava para novos investimentos estrangeiros.
Essa percepção de risco mal administrado, sem mecanismos claros e centralizados, torna a alocação de capital no Brasil uma decisão complexa e de difícil execução, como também descreve Sérgio Azevedo:
“Eu tive uma das piores reuniões da minha vida quando eu tive que explicar o que é um fato de default bilateral. Porque é algo constrangedor, até como brasileiros... a gente fala com uma naturalidade entre a gente, 'aconteceu isso, que pena', mas quando você olha o básico: 'mas como isso é capaz de acontecer? Como isso é possível?'. Você para e pensa, não tem resposta viável para dar. Não deveria ser possível, mas é. […] É só aqui, pelo menos aonde a Hydro atua, que existe esse risco, e é um risco que nenhum acionista quer ter.” - Sérgio Azevedo (Managing Director da Hydro)
As visões dos painelistas relatam um cenário complexo, no qual as travas do modelo bilateral geram ineficiência, afastam capital e criam riscos sistêmicos. Diante de um problema que é estrutural, a solução definitiva tem de ser proveniente dessa mesma natureza.
Assim, o debate avança para uma possível resposta a estes desafios: a chegada de uma contraparte central (clearing) ao mercado livre de energia.
Parte 3 - O potencial transformador de uma contraparte central (clearing house)
Diante das fragilidades do modelo bilateral, a implementação de uma contraparte central (clearing house) surge como uma das principais proposta para destravar o mercado livre. Sua principal função é centralizar e mitigar o risco de crédito, proporcionando maior segurança, governança e liquidez para negociações de energia.
No entanto, os especialistas deixam claro que seu papel é ainda mais amplo. A chegada de uma clearing também é uma base para um mercado mais profissional, que abre portas para a inovação tecnológica e o alinhamento com práticas internacionais de compliance.
Maior segurança, governança e alinhamento com padrões internacionais de mercados
O benefício fundamental de uma contraparte central no mercado brasileiro de energia é o estabelecimento de um ambiente de negócios seguro e confiável. Ao centralizar a liquidação e as garantias, a clearing mitiga o risco de crédito bilateral, considerada o principal desafio atual modelo, garantindo que todas as operações realizadas em seu espaço sejam honradas.
Sua estrutura também implementa regras claras que previnem a manipulação de mercado e garantem que a alavancagem de cada participante seja proporcional à sua saúde financeira.
Isso também promove um alinhamento com padrões internacionais de compliance, coibindo práticas que, embora comuns no mercado bilateral, são proibidas em ambientes maduros, como o spoofing.
Sérgio Azevedo e Natasha Gaertner resumem os múltiplos benefícios que uma clearing house traz para maior segurança e eficiência dentro do setor:
"A partir do momento que você tem um mercado fluido, onde você se concentra na parte técnica da análise de tendência, você começa a instrumentalizar a sua operação e ficar cada vez menos dependente de feeling, de fofoca, WhatsApp. O negócio fica técnico, é objetivo, não tem subjetividade.” - Sérgio Azevedo (Managing Director da Hydro)
"Reforçando, a Clearing vai trazer uma governança robusta, prevenção de manipulação de mercado, insider trading, robustez contratual forte, a alavancagem proporcional à saúde financeira da companhia, mais garantias. A Clearing vai trazer mais eficiência e segurança para o nosso mercado.” - Natasha Gaertner (VP de Comercialização da Statkraft)
Comercialização sem desvio de finalidade e o fim do “custo de ineficiência”
Além do risco financeiro direto, o modelo bilateral gera outro custo operacional: o desvio de finalidade. Empresas são forçadas a dedicar tempo e recursos à análise de crédito, uma atividade que foge de seu core business. Como resultado, muitas vezes a gestão do risco de contraparte acaba se tornando mais importante do que a própria atividade de comercialização.
Como apontado no debate, o medo do risco de crédito causa uma "paralisia de mercado", em que até os grandes players restringem suas operações. Uma contraparte central soluciona esse problema ao oferecer um serviço de gestão de risco centralizada.
Sérgio Azevedo descreve os benefícios da contraparte central nesta frente e também como o sistema atual gera ineficiências, além de desviar as empresas de seu foco principal:
“Um dos principais pontos positivos de uma clearing é você poder se concentrar naquilo que é o core business de uma comercializadora, na commodity, e não se preocupar se vai receber ou não. Você vai ter que se preocupar se você está operando dentro dos limites que você tem que operar, está botando as garantias que você tem que fazer e respeitando o seu mandato de limites operacionais.” - Sérgio Azevedo (Managing Director da Hydro)
Contraparte central: um catalisador para a reestruturação e digitalização do mercado livre de energia
O impacto de uma contraparte central vai além de suas funções diretas de segurança e governança. Ela atua como um catalisador tecnológico, impulsionando a reestruturação e a digitalização de todo o ecossistema.
Ao oferecer uma plataforma central, com possibilidade de integração via APIs, ela incentiva os participantes do mercado a modernizarem seus próprios sistemas internos (ETRMs) e abandonarem processos manuais, como planilhas e negociações via aplicativos de mensagem.
Essa modernização estrutural é o que abre as portas para o futuro do trading. Um ambiente de mercado fluido, técnico e com dados confiáveis é o pré-requisito para a adoção de tecnologias mais avançadas, como a automação de operações, o uso de machine learning e IA para análise de tendências.
Dessa forma, a clearing torna-se uma solução para o presente e uma base para a construção um mercado verdadeiramente eficiente e inovador.
Ítalo Freitas destaca que a proposta da N5X e o valor de uma clearing house vão além da mitigação de risco, atuando como direcionadores para um mercado moderno e profissional:
"O que chama mais atenção na iniciativa da N5X é a questão da contraparte central, mas o que está atrelado, os add-ons da ferramenta, começam a nos direcionar para um mercado mais profissional. A partir do momento que você tem uma plataforma muito digitalizada, as próprias empresas começam também a buscar essa atitude: digitalizar e se profissionalizar." - Ítalo Freitas (VP de Comercialização da Eletrobras)
A visão apresentada pelos painelistas posiciona a contraparte central como uma chave técnica e estrutural para destravar o potencial do mercado livre de energia, trazendo segurança e abrindo portas para um futuro mais profissional e inovador.
A questão que permanece, no entanto, é: se o caminho está traçado, o que impede o setor de acelerar essa transformação?
É este o ponto que encerra o debate. A seguir, os especialistas discutem as barreiras, tanto estruturais quanto culturais, que precisam ser superadas para modernizar o setor.
Parte 4 - Superando as barreiras estruturais e culturais para modernizar o setor
Com a solução e seus benefícios delineados, a discussão avança para perguntas mais complexas: por que a modernização estrutural do mercado ainda encontra resistência? Se o caminho para um setor mais seguro já é conhecido, quais são os verdadeiros obstáculos que impedem sua chegada?
A parte final do debate se aprofunda exatamente neste ponto, revelando que os maiores desafios não estão só na tecnologia, mas também no aspecto cultural do setor.
A conclusão dos especialistas aponta para uma barreira dupla: a complexidade regulatória do Brasil e, de forma ainda mais decisiva, a resistência cultural em abandonar um modelo de negócios que perdura há décadas.
O desafio estrutural e a complexidade do mercado brasileiro
Um dos principais desafios para a modernização do setor é a própria complexidade do ambiente de negócios brasileiro. Sua operação é feita sob uma regulação densa e em constante mudança, o que, somado à abertura acelerada de mercado e um modelo de risco bilateral descentralizado, resulta em uma grande imprevisibilidade de preços e cenários.
Solucionar essas questões exige um alinhamento claro entre os diversos agentes do mercado. No entanto, como foi apontado no debate, a própria fragmentação institucional do setor muitas vezes torna a construção de consensos um processo lento e desafiador, retardando a implementação de melhorias necessárias.
Durante o painel, Ítalo Freitas ofereceu sua perspectiva sobre a questão:
"O Brasil é um país complexo, com muitas facetas que a gente precisa vencer, temas regulatórios... até existem temas setoriais também, muito fortes aqui. O Brasil é o país que mais tem associações dentro do setor elétrico no mundo. [...] Vários temas que ainda estão em discussão. Pequenos temas, até grandes temas. [...] Mas acho que o primeiro passo foi dado, que é a N5X vir e dizer: 'eu vou fazer a contraparte central'. Esse é o primeiro passo.” - Ítalo Freitas (VP de Comercialização da Eletrobras)
O desafio cultural e a resistência a um novo modelo de mercado
Além dos desafios estruturais, o painel aponta para outro obstáculo na modernização do setor: a barreira cultural. O mercado bilateral brasileiro foi historicamente construído sobre um modelo relacional, e a transição para um modelo centralizado, como o proposto por uma clearing house, naturalmente desafia essa cultura.
Ao introduzir maior transparência e padronização, a contraparte central nivela o campo de jogo, o que pode gerar resistência por parte de players adaptados ao modelo tradicional. Superar essa barreira, portanto, exige uma profunda mudança de mentalidade em todo o setor.
Durante o debate, Sérgio Azevedo aprofunda a questão, oferecendo uma visão direta sobre como a cultura do setor representa um desafio para a modernização:
Para mim, a grande barreira é cultural. […] Porque se todo mundo tiver de acordo que é assim que se opera, é desse jeito que é o mais eficiente, mais correto, terão coisas que a gente vai ter que abrir mão. Esse mercado relacional, não vou dizer que vai acabar, mas ele vai ser muito diferente. […] Então, para mim, a barreira número um é as pessoas estarem dispostas a abrir mão de coisas que a gente faz hoje. A forma como a gente faz hoje para a forma como deve ser idealmente feita no futuro." - Sérgio Azevedo (Managing Director da Hydro)
A complexidade regulatória do ecossistema brasileiro e a resistência em abandonar um modelo de negócios tradicional são desafios centrais para um mercado mais maduro.
A adoção de uma clearing, como apontado pelos painelistas, é um passo decisivo na construção de ambiente de negócios eficiente e alinhado às melhores práticas globais.
Ao criar um modelo padronizado e com regras claras, sua estrutura incentiva a profissionalização e a colaboração necessárias para superar tanto a complexidade do setor quanto a resistência à mudança.
O papel da N5X na construção de um novo mercado de energia
A construção de um mercado mais eficiente e maduro é feito em cocriação. A N5X nasceu exatamente com este propósito: ser a infraestrutura que materializa essa evolução, construída em um diálogo constante com o setor para, juntos, elevarmos os negócios de energia no Brasil à sua plena potência.
Esse compromisso não é apenas uma visão, mas uma prática refletida em ferramentas que já entregamos ao mercado:
- A Tela N5X, interface para negociação de energia no mercado livre, que foi desenvolvida em cocriação com agentes do setor. Com recursos como Automatching de Ordens e Gestão de Limite de Risco, ela oferece um ambiente com governança neutra e estabilidade operacional, permitindo que transações com total segurança e confiança.
- O Chat Profissional N5X oferece um ambiente de negociação seguro, criptografado e 100% auditável. Ele substitui os canais informais e alinha as práticas de comunicação do mercado brasileiro aos mais altos padrões de compliance.
- Nossas APIs são gratuitas, facilitando a integração automática de contratos e o acesso a dados de mercado, permitindo que as equipes de comercialização foquem em sua estratégia.
Toda essa estrutura é sustentada por uma base única de credibilidade e conhecimento: unimos a expertise local em infraestrutura de mercado financeiro, através da L4 Venture Builder (um fundo com capital da B3), com a experiência global do EEX Group, o maior grupo de bolsas de energia do mundo, garantindo a solidez e a visão de futuro necessárias para a modernização do setor.
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